Alergista pediátrica do Huse explica o que é imunodeficiência primária

Uma doença silenciosa e que se apresenta, na maioria das vezes, nos primeiros anos de vida. É a Imunodeficiência Primária, caracterizada como um grupo de doenças genéticas e que se manifestam por infecção de repetição e acomete tanto na faixa etária pediátrica como também na fase adulta. A incidência varia, as mais comuns são as imunodeficiências que afetam a produção de anticorpos (chamada de imunidade humoral), é a mais comum e vai se apresentar como infecções de repetição como uma sinusite, pneumonia, infecção de pele que fogem um pouco do habitual, infecções por agentes comuns e que necessitam de antibiótico venoso para se resolver ou que precisa internar o paciente.

A alergista imunologista pediátrica do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), Camila Budin, explica que a doença deve ser diagnosticada precocemente e tratada de imediato para que o paciente tenha uma vida normal. A médica explica o diagnóstico e a forma de tratamento para um paciente com imunodeficiência primária. 

“O diagnóstico é um pouco tardio no nosso meio, justamente por isso, são doenças pouco conhecidas e os pacientes imunodeficientes são aqueles que vagam pelos prontos socorros, consultórios pediátricos, dermatologistas, otorrinos, até chegarem a um imunologista. Quanto mais grave é mais difícil de você fazer o diagnóstico pela questão do custo dos exames, ela vai se manifestar mais precocemente, é o que a gente chama de imunodeficiência combinada que é aquele paciente que tem a alteração tanto da imunidade celular como da imunidade humoral, esse sim, vai se manifestar logo nos primeiros meses de vida e se não diagnosticado e tratado, o paciente pode evoluir a óbito. A cura para as imunodeficiências combinadas é feita através de um transplante de médula, feito em todos os Estados”, explicou.

Nas outras imunodeficiências que é mais comum e que afeta a produção de anticorpos, é aplicado a imunoglobulina venosa ou subcutânea que já existe no mercado. As outras imunodeficiências que entram num grupo de 300 doenças, é muito difícil dar um tratamento geral para todas. Os tipos mais frequentes e mais graves são as imunodeficiências combinadas que é uma urgência médica e a imunodeficiência humoral que é a mais frequente.

Ela destaca ainda que o uso do antibiótico vai ser sempre necessário. “Nesse caso, a questão é que o paciente que faz muito uso de antibiótico, numa potência mais alta, ele trata as infecções, o paciente é que não produz a defesa dele e adoece mais e vive internado em pronto socorro. As crianças são as que mais adoecem”, afirmou.

Com relação ao óbito, a médica ressalta que a doença é responsável pela alta taxa de mortalidade no Brasil. “A gente tem um sub-diagnóstico, os bebezinhos evoluem para sepse que é um estágio avançado de infecção, as crianças com um ano de vida que tem múltiplas internações em algumas dessas internações elas evoluem mal e vão a óbito. Durante o pré natal, a gestante tem que ser orientada caso ela já tenha um histórico de filhos que tenham morrido em idade precoce, histórico de consanguinidade (os pais são primos) tudo isso já levaria uma orientação dessa gestante e uma orientação em vacinar precocemente esse bebê, de forma preventiva. Mas não quer dizer que teria um diagnóstico do bebê no pré natal, só depois que ele nasce”, salientou.

Publicado: 29 de setembro de 2017, 17:29 | Atualizado: 29 de setembro de 2017, 17:29